A Força Aérea Brasileira (FAB) enfrenta uma debandada de pilotos de caça para a aviação comercial, com ao menos seis aviadores pedindo baixa na última semana, segundo fontes do setor.
A saída ocorre após o término do Exercício Cruzex 2024, realizado na Base Aérea de Natal (RN), e envolve oficiais que pilotavam os caças Northrop F-5EM/FM Tiger II dos esquadrões Pampa, Pif-Paf e Jambock, sediados no Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
Os pilotos, com patentes de 1º tenente e capitão, recebiam salários brutos entre R$ 8 mil e R$ 14 mil, incluindo gratificações. Na aviação comercial, as perspectivas financeiras são quase o dobro, além de oferecerem estabilidade em uma única base operacional e maior frequência de voos.
A escassez de oportunidades de voo operacional na FAB é uma das principais queixas. Os caçadores relatam que voam pouco, um descontentamento acentuado em uma profissão vocacional.
A progressão na carreira militar, que inclui funções administrativas ou no Grupo de Transporte Especial (GTE), também é vista com ceticismo, já que muitos pilotos rejeitam a ideia de se tornarem responsáveis pelo transporte de autoridades em Brasília.
Outro fator crítico é a condição da frota da FAB. Os caças F-5, com mais de 50 anos de uso, enfrentam limitações de modernização, enquanto a substituição pelos novos Gripen F-39E/F está atrasada devido a dificuldades nos pagamentos.
Apenas o Esquadrão Jaguar, em Anápolis (GO), recebeu os primeiros modelos, deixando as demais unidades em um limbo operacional.
A situação é ainda mais preocupante para os pilotos dos caças A-1 AMX, especializados em ataques ao solo, que não possuem substitutos previstos.
Com a debandada, a FAB enfrenta não apenas a perda de profissionais altamente qualificados, mas também o enfraquecimento de sua capacidade operacional em um momento em que sua frota está envelhecida e as perspectivas de renovação são limitadas.
Fonte: Conexão Política