Das outras vezes em que esteve no comando do país, o grupo que está no governo hoje, se caracterizou pela implantação de políticas assistencialistas, daquelas que criam um solução provisória para os problemas sociais, mas nunca enfrentam a raiz da questão para buscar soluções definitivas.
Para a população em geral, esse modelo é perverso, porque eterniza a dependência, mas, para quem governa, representa um ganho eleitoreiro, porque mantém os beneficiários desses eternos programas de assistência, reféns da boa vontade do Estado por tempo indeterminado.
Agora está em tramitação no Congresso, um projeto que prevê o aporte de auxílio financeiro para as mães solteiras. A questão é: quem vai impedir (ou mesmo fiscalizar) que muitas mulheres que vivem com o pais das crianças, deixem de ofializar a união, somente para receber o benefício?
E se algumas mulheres solteiras que estão passando necessidade resolverem engravidar de forma irresponsável, somente para ter acesso ao benefício?
Em um país com muita gente em situação extrema pobreza, como o Brasil, essas atitudes, que parecem absurdas à primeira vista, são muito corriqueiras. basta lembrar do grande número de pessoas que não arranjavam emprego, somente para não perder os benefícios do Bolsa Família.
O projeto de lei em tramitação na Câmara dos Deputados prevê o pagamento de um auxílio permanente de R$ 1.200 mensais para mães solteiras no Brasil. Ou seja, corremos um sério risco de criar a "profissão" de "mãe solteira" em nosso país.
Dados divulgados em dezembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2021, 68% dos moradores de domicílios chefiados por mulheres sem cônjuge e com filhos menores de 14 anos estavam abaixo da linha da pobreza no país. O cenário nacional, portanto, atesta a urgência da busca de soluções para o problema da vulnerabilidade dessa população.
Não seria melhor investir esses recursos para lançar um programa de capacitação profissional e encaminhamento para um emprego?
Experiências internacionais e especialistas alertam que programas de transferência de renda que naturalizem e incentivem, mesmo que indiretamente, a monoparentalidade podem ter um resultado maléfico no médio e longo prazo, gerando ainda mais pobreza e vulnerabilidade.
O ex-diretor na Secretaria Nacional da Família, sociólogo e professor universitário Marcelo Couto Dias, acentua que o desafio das mulheres chefes de família é real e não deve ser desconsiderado, recordando que os mais vulneráveis a essa situação são as crianças.
“Um dos problemas mais graves do Brasil talvez seja esse, que pode comprometer todo o futuro da pessoa, o desenvolvimento cognitivo e a aquisição de capital humano”, diz.
Para ele, porém, as políticas deveriam centrar foco nesse público vulnerável e não no primordial cuidador, que mais frequentemente no cenário atual é a mulher sem cônjuge.
Com informações da Gazeta do Povo