Por Paula Schmitt/Revista Oeste
Hoje acho que entendo isso um pouco melhor: nesse ponto, a esquerda é de fato o contrário do conservadorismo. O conservadorismo pressupõe que o tempo é crucial para que as coisas sejam adotadas, desenvolvidas, testadas.
A esquerda é quase que um grupo que adota ideias ad hoc. É uma massa extremamente manipulável disposta a trocar de ideia a qualquer momento, como se troca de roupa.
Essa galera segue ideologia como segue a moda — no passado, achava que boca de sino era linda, hoje gosta de jeans justinho. E vai amar ambas com a mesma convicção e detestar assim que a moda for considerada passée e retrógrada.
É engraçado que me dei conta muito tarde na minha vida de que o esquerdista, sem generalizar, é uma pessoa disposta a abrir mão de valores sagrados, no sentido de inerentes e inegociáveis, e torna tudo negociável.
É uma galera disposta a aceitar o consenso. E o mais interessante é que a esquerda se faz de rebelde, de quem não segue as ordens. Bem ao contrário, é facilmente cooptável pelos ‘rebeldes autorizados'.