Por Rodrigo Oliveira*
"Cada época tem suas neuroses e cada tempo precisa de sua psicoterapia”, explica Viktor Frankl.
A da nossa época é o sentimento de vazio interior, a falta abismal de sentido.
É um período em que tudo foi reduzido ao prazer, ao entretenimento, ao instante que nos faz viver como se fôssemos um animal que se preocupa somente com o agora. .
Estamos mais próximos do Carpe Diem, de Horácio, que é entendido como uma forma de aproveitar a vida intensamente – mas não intensa no sentido de amar intensamente o próximo, mas de ter prazeres intensos e efêmeros.
No meu livro, Ensaios sobre os deuses depressivos, escrevi:
Na sociedade do entretenimento, não há concentração. O olhar das pessoas é sempre disperso, deficiente. Quase ninguém brinca com seriedade.
Querem apenas matar o tempo ou assassinar o tédio. Mas o tédio não morre.
Permanece como um câncer silencioso que vai crescendo até que passa a incomodar.
Quando sobrevém a metástase, a única coisa a se fazer é diminuir o sofrimento. Drogas pesadas. A sociedade do entretenimento é a sociedade das drogas.
As drogas, quando intensamente usadas, causam o mesmo efeito do tédio: tornam o ser humano inerte como um cadáver.
Será que não estamos nos entediando ainda mais com os diversos prazeres fáceis que temos tido acesso?
*Rodrigo Oliveira
Mestre em filosofia;
Doutor em Ciências da Religião;