Por Thiago Cortês
De acordo com o psiquiatra Theodore Dalrymple, a epidemia de infelicidade que assola o mundo moderno reflete justamente a obsessão das pessoas com a felicidade.
Com mais de 30 anos de experiência em atendimento em consultórios chiques, presídios, hospitais públicos e privados de Londres e arredores, Dalrymple começou a notar um padrão de comportamento nos casos mais graves que recebia.
Na esmagadora maioria dos casos, notou o famoso psiquiatra e escritor, as pessoas mais preocupadas em ser e parecer felizes eram as que sofriam mais transtornos e tinham mais problemas em lidar com as decepções naturais da vida.
Theodore Dalrymple notou que entre seus pacientes ricos e pobres havia o mesmo padrão: eram pessoas que se dedicavam diariamente à satisfação dos seus próprios desejos materiais, financeiros e sexuais.
Mas eram, de longe, as mais infelizes que ele conhecia.
Por que?
Porque a busca do prazer e a satisfação dos instintos é algo que está ao alcance de qualquer cachorro vira-latas. Mas nem de longe fornece um propósito de vida.
Para Dalrymple, ao determinar que todos deveriam ser ou parecer felizes, a modernidade condenou nossa sociedade à infelicidade precoce.
Sem nenhuma vida interior, sem prática espiritual, sem um olhar voltado ao próximo, as pessoas acabam governadas por instintos e desejos que as esmagam.
Não por acaso, o psiquiatra notou que as comunidades de imigrantes em Londres concentravam bem menos casos de problemas psicológicos graves ou clínicos.
E o motivo é que a espiritualidade, a fé e a prática religiosa são mais fortes nessas comunidades.
Dalrymple concluiu, portanto, que a fé e a prática espiritual são antídotos naturais contra a depressão, a ansiedade e a falta de paz mental.
O detalhe interessante é que Dalrymple é ateu.
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