Por Rodrigo Oliveira

Os regimes totalitários só foram erguidos por conta de uma adesão gigantesca da população.

Sem esse apoio, os ditadores seriam considerados meramente pessoas estúpidas com gostos extravagantes.

Se esses governos caíram, não quer dizer que a mentalidade massificada caiu. Há bolhas enormes que oferecem muitos confortos para o novo homem do século XXI.

É muito confortável, por exemplo, abstrair a humanidade do próximo.

Zygmunt Bauman, no seu livro Modernidade e Holocausto, descreve o processo de desumanização pelo qual os judeus passaram na Europa.

Eles foram totalmente destituídos de humanidade, passando a ser considerados como «coisas».

Os influencers atuais não fazem do seu público uma gigantesca coisa?

Eles não abstraem essas massas de seres humanos para imporem aquilo que consideram ser «a verdade»?

De Felipe Neto aos sites de fofoca, quem é que tem abertura para compreender que os seus desafetos não são «coisas», mas seres humanos que erram?

As bolhas contemporâneas crescem e se tocam.

Essas esferas fragmentadas, vão se aglutinando, até que formam um conglomerado de gente massificada.

Seria exagerado falar em um totalitarismo virtual, no qual só os eleitos podem ter a liberdade de se expressarem sem serem perseguidos?