Por Rodrigo Oliveira
A história das drogas é, de alguma forma, a história da humanidade.
O modo como nos relacionamos com ela pode envolver o sagrado, a sociabilidade, as mudanças psíquicas, o entretenimento, o remédio e o desejo de anestesiar os sofrimentos existenciais.
Em uma sociedade do cansaço, prevalece a última opção.
O uso recreativo se torna cada vez mais intenso, pois a sua finalidade não é o alívio existencial, mas o esquecimento.
Deixar de sofrer, atualmente, significa esquecer-se de si mesmo.
O número de adolescentes e adultos que buscam esquecer da própria existência aumenta a passos largos.
As fugas se tornam mais violentas.
O homem tem de aderir a alguma coisa que o faça sentir vivo.
O leque de opções é amplo: as drogas orgânicas ou sintéticas, o time do coração, a política, o entretenimento barato…
Não precisamos ser sociólogos para notar que o espírito tribal se alastrou nas últimas décadas.
A violência adquiriu outras tonalidades.
Bandeiras são levantadas na guerra. É por isso que o ambiente humano mais se parece com o estado de natureza.
A guerra se tornou perpétua, assim como a necessidade de levantar bandeiras.
No fundo, esse desejo de violência se manifesta como um desejo de anestesiar a existência.
O niilismo se transfigura não como um “nada”, e sim como um frenesi de emoções fortes que tentam criar um sentido para viver.
O espaço político é movido por choro, ranger de dentes, gritaria, alívio, angústia…
É muito parecido com os efeitos de quem é viciado em droga, acompanha uma final do seu time do coração ou está em um parque de diversões.
É tudo intenso e, ao mesmo tempo, vazio.