Por Rodrigo Oliveira
Quando ainda lecionava no Ensino Fundamental, uma aluna chegou na metade do ano letivo, filha de mãe brasileira e de pai norueguês.
Passou dez anos morando na Noruega. Falava português, mas tinha muita dificuldade com a escrita. E não, não era o que você estava pensando: ela era alfabetizada em português, mas não sabia escrever com a mão.
A sua coordenação fina era a mesma de uma criança de cinco anos. Perguntei o porquê de não saber escrever, e ela disse que as escolas de lá não trabalham mais com lápis.
Todas as salas tinham notebooks e tablets. Fiquei assustado. Naquela época, percebi que o estrago tecnológico estava se alastrando a passos largos na educação.
Vivemos numa época em que as habilidades motoras estão sendo perdidas. Por óbvio, isso terá um grande impacto também nas intelectuais. O que vemos é uma geração do esforço mínimo.
Ninguém quer mais fazer nada que dê trabalho. Tudo tem de ser facilitado. E isso tem tornado as pessoas ineptas em diversas áreas.
Estamos criando uma geração de pessoas habituadas a receber as coisas instantaneamente e de mão beijada. Essas crianças serão adultas, e adultas que agirão como crianças. S
omos como os seres da Era de Prata, descrita por Hesíodo: grandes tolos brincando em sua própria casa. Ou seja, estamos nos tornando crianças grandes.