Por Rodrigo Rliveira
Na filosofia política, ideologia não significa conjunto de ideias. É um conceito com múltiplos significados que estão bem distante do sentido simplório de “conjunto de ideias”.
O pensamento ou a atitude ideológica é vista como uma intenção de propagar valores, crenças e ideias que, para alguns, ordenam a realidade, enquanto que, para outros, desordenam-na.
Esse entendimento não está presente somente em uma direita, seja ela conservadora ou liberal, mas também na esquerda.
Karl Marx, por exemplo, trata a ideologia a partir dos seus tipos alienantes: religioso, filosófico, econômico e social/político.
Eric Voegelin, que não é conservador nem liberal, apesar de influenciar muito a atitude conservadora, afirma que “as ideologias destroem a linguagem, uma vez que, tendo perdido o contato com a realidade, o pensador ideológico passa a construir símbolos não mais para expressá-la, mas para expressão sua alienação em relação a ela”.
Pela parte conservadora, Russell Kirk explica que “a ideologia é a doença, não a cura. Todas as ideologias, incluindo a ideologia da vox populi vox Dei, são hostis à permanência da ordem, da liberdade e da justiça. A ideologia é a política da irracionalidade apaixonada”.
Por outro lado, também dentro desse viés conservador, Samuel P. Huntington, no seu artigo Conservatism as an ideology, considera a ideologia como um sistema de ideias que intenciona disseminar valores sociais e políticos entre um grupo significativo de pessoas.
O conservador português João Pereira Coutinho, colocando-se ao lado de Huntington, considera o conservadorismo também uma ideologia.
Há um debate profundo e complexo que está longe do alcance da política prática, que muitas vezes é simplória.
De modo geral, podemos concluir que o pensamento ideológico se impõe verticalmente sobre as pessoas, pois modelam aquilo que é o fundamento das suas ações.